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Registrador de imóveis em Campo Novo participa do “Projeto Memórias”

3 de dezembro de 2020

     A Associação dos Notários e Registradores do Estado de Mato Grosso (Anoreg-MT) realizou na noite desta quinta-feira (3 de dezembro) a terceira live do “Projeto Memórias”, com o registrador de imóveis no 1º Ofício de Campo Novo do Parecis, José de Arimatéia Barbosa, que também é presidente da associação.

     Conduzida pelo tabelião substituto do 2º Ofício de Pedra Preta, Wagner Melo, a entrevista durou cerca de uma hora e reuniu dezenas de participantes durante a transmissão, ao vivo, pelo canal da Anoreg-MT, no Youtube.

     José de Arimatéia iniciou a live parabenizando a criação do projeto e disse que o levará para ser implementado no Instituto de Registro Imobiliário do Brasil (Irib), onde será o vice-presidente na gestão 2021/2022.

     Em seguida, disse que sua trajetória profissional teve início no Distrito de São Geraldo de Tumiritinga, em Minas Gerais, em 1973. “No dia 5 de dezembro de 1973 fui aprovado no concurso para escrevente juramentado do cartório do registro civil e notas, onde o titular era o meu saudoso pai, Rui Barbosa. Essa caminhada foi até 78, quando concluí o curso de direito e, mesmo assim, fiquei por dois anos ainda como escrevente juramentado e substituto no cartório. Na cidade de Governador Valadares iniciei a profissão de advogado e trabalhei como professor de direito das obrigações e direito das coisas. Daí o meu amor pelo direito civil. Lecionei na faculdade onde me formei, em direito constitucional, e, na sequência, me tornei procurador-geral adjunto do município de Governador Valadares, através de concurso público para advogado e exercendo a função de procurador-geral adjunto”.

     José de Arimatéia acrescentou que, após se formar, casou com Maria do Socorro, a quem chama de dócil help. “Dócil, não é porque é doce não, é porque é brava mesmo. Há 42 anos eu enfrento essa fera. Nesse período nasceu a Ariane, em 82, e o Rui, em 83. Mas todos eles já ganhavam uma cópia da Lei 6015 para começar a estudar e descobrir a carreira. Naquela época você era carreirista. Filho de tabelião não tinha outra profissão, ou seja, tinha que ser também. Para ser tabelião, registrador, tem que passar por esse ritual, tem que ter pedigree”.

     Em 1997, passou no concurso para a Comarca de Alvorada do Oeste, em Rondônia. Antes, porém, segundo ele, o prefeito ao qual o servia não foi reeleito e não conseguiu fazer seu sucessor, sendo que o primeiro ato do novo prefeito foi editar um decreto legislativo julgando desnecessário mais de mil cargos, dentre eles o de advogado. “Nessa leva, fui eu também, e o chão caiu às vésperas de ter estabilidade. Nesse período, eu esperava o resultado do concurso em Rondônia, pois meu sonho realmente era deixar a advocacia. Com a aprovação, foi um alívio. Então, aos novatos, aos que perdem oportunidades, como nossos interinos, às vezes é o degrau que precisamos para galgar outros postos. Não devemos ficar tristes por isso. Como registradores, interinos, titulares, vivemos momentos difíceis; não estamos bem na fita e, a qualquer hora, mesmo concursados, podemos ser atingidos e já estamos sendo e temos que nos reinventar”.

     José de Arimatéia informou que, quando chegou em Rondônia, em 1997, os cartórios eram estatizados. “Cheguei através de concurso público e as pessoas que trabalhavam no cartório eram cedidas pela prefeitura. Trabalhavam só de manhã, pois, como o calor era intenso, as pessoas diziam que trabalhar na parte da tarde dava infarto. Implantamos um regime diferente de trabalho e as moças que estavam a serviço foram para a prefeitura. Contratei outras pessoas, batíamos carimbo para fazer reconhecimento de firma, autenticação, e a coisa andava. Mas, a freguesia era pequena. O pessoal não comparecia, pois não era acostumado com nada de uma pessoa que não fosse funcionário público. A desconfiança era grande. Levei seis meses para fazer a primeira escritura, a primeira procuração”.

     Durante a live, citou um fato curioso e engraçado que ocorria no cartório. “Chegava o cara querendo falar com o senhor Rui Barbosa. Meu pai já faleceu, mas eu falava para elas que elas estavam falando com ele, que na verdade era eu. Outros procuravam pelo senhor tabelionato, pelo doutor Bel (abreviação de bacharel). Eu dava corda. As pessoas são simples e temos que entender”.

     José de Arimatéia acrescentou que, chegando em Rondônia, deparou-se com um Gurgel, carro que, segundo ele, era diferente e bonito para aquele tempo. “Só que ele deixava a gente na estrada. Ora o pneu era careca, acabava e o dinheiro era curto para trocar, ora o petróleo acaba também, eis que não dava conta de andar tantos quilômetros. Ele veio comigo para Mato Grosso e, chegando aqui, fizemos uma rifa e conseguimos R$ 20 mil, que foi o início da construção da loja maçônica aqui”.

     Sobre a avaliação que faz da atividade, José de Arimatéia destacou que “estamos numa fase melindrosa, onde todos querem nossa profissão. Acham que desenvolvem melhor nossa atividade se eles executassem. Essas pessoas não visam a prestação de serviços que nós prestamos. Penso, também, que estamos precisando rever nossos conceitos, sermos mais humanos, mais amigos, falar a mesma língua para realmente avançarmos. Se não fizermos isso, estaremos fadados ao insucesso”.

     Questionado sobre o que sugere para a melhoria dos cartórios, pontuou que é necessário fazer com que os colaboradores sejam incentivados a serem bons no que fazem. “Quando vejo colegas dizendo que ‘eu faço assim’, queria ouvir ‘fazemos assim’. Individualismo é prejudicial. É preciso que todos estejam bem na fita”, alertou José de Arimatéia.

     Sobre mudanças na atividade, José de Arimatéia acredita que tudo tem que ser revisto. “Temos que ouvir as críticas e fazer com que elas sejam entendidas como uma crítica construtiva. Não podemos nos rebelar contra isso. Vivemos na região do agronegócio e, com qualquer pessoa que conversamos, sempre ouvimos que estão na correria e ninguém tem tempo para ouvir. O ouvir fará com que melhoremos. Temos que reconhecer nossos defeitos. Somos privilegiados por exercer essa atividade e também me sinto feliz e beneficiado por estar no cargo de presidente da Anoreg-MT, reconhecida nacionalmente”.

     Quando solicitado a deixar uma mensagem aos notários e registradores, José de Arimatéia sugeriu que “sejamos menos arrogantes, mais humanos no trato com as pessoas, buscando naquele mais distante a maneira de fazer com que ele se sinta bem no nosso meio. Outra máxima é a de ouvir, sempre ouvir. Dessa oitiva, extrair o melhor. Devemos estudar, pois a vida passa e não vemos. Muita gente que hoje não tem nada, que não consegue nada, é porque se perdeu no tempo”.

     Por fim, o mediador da entrevista, Wagner Melo, fez um bate bola rápido com José de Arimatéia. Confira:

     Time de futebol – “Botafogo”

     Hobby – “Viajar a trabalho, estudar e divertir”.

     Música – “Curto uma seresta, principalmente de madrugada. Música que transmita paz, harmonia e amor”.

     Comida – “Feijão com arroz e batata frita. Prato saboroso. Feijão inteiro com farinha e pimenta para dar o paladar”.

     Ídolo – “Meu pai, que já morreu. Ele está sempre comigo, me traz a mensagem que preciso”.

     Livro – “Leio vários livros técnicos, de registro. Atualmente estou lendo um de crônicas do nosso colega João Galhardo”.

     Frase – “Viva e faça o que quiseres”.

     Sonho – “Continuar tendo saúde por pelo menos mais 50 anos”.

     Um lugar para viajar – “Gosto de praia. Paraíba e Rio Grande do Norte”.

     Mensagem aos notários e registradores – “Que possamos permanecer unidos. É através da união que teremos sucesso. Vamos continuar juntos e que todos caminhem em paz e em harmonia. Agradeço também a equipe da Anoreg-MT, na pessoa da Anete. Está ótimo o convívio, apesar de algumas divergências. Aos que estão chegando, que sejam bem vindos e que continuemos sendo a Família Notarial e Registral”.

     A live com José de Arimatéia pode ser assistida no vídeo abaixo:

  https://www.youtube.com/watch?v=2KsC1bbIWag