A Associação dos Notários e Registradores do Estado de Mato Grosso (Anoreg-MT) e a Escola Mato-grossense de Notários e Registradores do Estado de Mato Grosso (Emnor-MT) realizaram na manhã deste sábado (12 de setembro) a palestra “Enfrentando os desafios do uso eletrônico nos serviços extrajudiciais em meio à pandemia e pós pandemia”. A exposição, na modalidade webinar, foi feita pelo antropólogo, professor e consultor de empresas no Brasil e no exterior, Luiz Almeida Marins Filho.
Ele iniciou os trabalhos agradecendo o convite da Anoreg-MT e, de imediato, registrou que nunca houve na história da humanidade tantas mudanças como as atuais. “Começamos o século XX no lombo do burro e o terminamos com internet, banda larga, GPS, ressonância magnética funcional. No entanto, o ser humano é o mesmo dos últimos 150 mil anos. Por isso é que se explica o porque do ser humano não gostar de mudanças. Para se ter ideia, tem gente que visita a Disney duas, três vezes, pois gostam de estar em lugares conhecidos”.
Luiz Marins disse que os próximos cinco anos mudarão muito em tecnologia. “Temos que ser amigos da mudança para não sermos amargos. Com a pandemia, nos alfabetizamos com a tecnologia. Todos os mecanismos que usamos hoje já existiam, mas não os utilizávamos. O comércio eletrônico explodiu e vai aumentar muito. Não que as lojas físicas fecharão, mas teremos uma realidade hibrida gigantesca e que veio para ficar. Na educação, por exemplo, os níveis fundamentais e básicos permanecerão, mas, o superior, cada vez mais será cursado em modalidades virtuais”.
Segundo o professor, o cidadão, atualmente, compara o cartório, o serviço público, com a iniciativa privada. “Temos que ter uma visão de empresa. Ninguém mais imagina pedir uma certidão presencial. Temos que investir mais em tecnologia e em treinamentos. Estamos num mundo digital, o analógico já morreu. O conceito de tempo mudou. Estamos vivendo numa situação onde todo mundo quer tudo muito rápido. O tempo é o fator mais importante numa organização. As pessoas são irritadas com o tempo. O cliente hoje é mais exigente, tem meios de reclamar publicamente, tem vez e voz, acabou o monopólio da imprensa”.
Na avaliação de Luiz Marins, é melhor “nos transformarmos, ainda que aos poucos, olhar o lado positivo de tudo isso para que possamos trabalhar melhor, não sofrer de forma desnecessária. Não conseguiremos voltar no tempo. Vamos ser amigáveis às ferramentas. Agradar nossos clientes, querer elogios, também é difícil, pois o nível de exigência do ser humano é muito alto. Temos é que atender da melhor maneira possível”.
Durante a exposição, Luiz Marins citou três pesquisas: 1ª) O que você acha mais importante para uma empresa conquistar você como cliente?; 2ª) O que mais irrita você no relacionamento com a empresa?; e 3ª) O que você considera “atendimento excelente”? Na primeira, o resultado foi ‘Atendimento excelente’, com 44,20%; na segunda, ‘O mau atendimento – as pessoas despreparadas para atender’, com 40,5%; em a terceira, ‘Falar a verdade em qualquer circunstância’, com 38,9%. Para o professor, o importante é sempre atender o cliente da melhor forma possível e nunca mentir.
Por fim, Luiz Marins enfatizou que o que mais se espera do ser humano é que use sua inteligência e vontade. “A inteligência ilumina o caminho, é o farol, mas não te faz caminhar. Somos fracos de vontade, não de inteligência. Exemplo: odeio essa questão digital. Ora, basta você querer. Devemos parar de ser acomodados, temos que voltar a querer. Estamos sempre com sentimento de culpa. No entanto, as atitudes praticadas já foram. O segundo sentimento é o de nostalgia. Recordar é viver, mas não resolverá nenhum problema. Passamos apenas 5% vivendo o presente. Nossa vida recomeça a cada instante. Não brigue com o tempo. Estamos vivendo num mundo digital. Tem muito mais coisa positiva do que negativa. Vamos nos desafiar”, concluiu.