IMG-LOGO
Notícias

Diretora de Tecnologia da Anoreg-MT é entrevistada em live

1 de dezembro de 2021

 

     A Associação dos Notários e Registradores do Estado de Mato Grosso (Anoreg-MT) realizou na noite desta terça-feira (30 de novembro) mais uma live do projeto “Memórias” com a entrevistada Maria Aparecida Bianchin, diretora de Tecnologia da instituição e notária e registradora no 2º Ofício de Rondonópolis. O evento foi conduzido pelo tabelião substituto do 2º Ofício de Pedra Preta e diretor de Comunicação da Anoreg-MT, Wagner Melo.

     Nascida em Pato Branco, no Paraná, sempre estudou em escola pública e é formada pela Unioeste. Fez duas graduações na área da Educação (licenciamento em Pedagogia, com especialização em Orientação Educacional, e Administração Escolar), bem como Ciências Físicas e Biológicas.

     Maria Aparecida Bianchin contou que começou a trabalhar aos 13 anos de idade como professora substituta. “Eu fazia os cursos de Técnico em Contabilidade e Magistério, sendo que no período da tarde eu comecei a lecionar para substituir algum professor que veio para Mato Grosso e não retornou mais. A convite da diretora, comecei no magistério, tomando muito gosto por aquilo e, depois, segui nisso em curso superior. Era concursada no Paraná, mas, meus pais, resolveram vir para Mato Grosso. Em 1979, eles compraram terras na região de Juína e eu permaneci no Sul até concluir os cursos. Chegando aqui, fiz concurso para especialista em educação. Só que, naquela época, eu lembro que tivemos planos (Sarney, Bresser, Confisco no Plano Collor) e a vida do professor não ficou fácil. Tivemos uma dificuldade muito grande, pois tudo era centralizado em Cuiabá, sendo o acesso muito difícil. Além de perder muito com a inflação, que atingia índice de 80%, também não recebíamos. Fiquei dois anos sem receber”.

     Ela disse que, ao chegar em Juína, no último dia de 1986, foi com a família ao baile de Reveillon, “onde conheci o Zeca. Namoramos um ano e, antes de completar dois, já tínhamos casado. Ele também era servidor público e passava pelas mesmas situações que eu. Foi quando decidi que era a hora de fazer concurso em outras áreas. Em Juína, vários órgãos públicos estavam se instalando, a exemplo do Poder Judiciário. Fiz concurso para o fórum, Banco do Estado e também para a Sefaz. Assumi o Banco do Estado, trabalhando por seis horas diárias. Só que não estava muito bom ali porque não era muito minha linha de trabalho, já que eu trabalhava numa área mais humanizada. Quando o Judiciário chamou, migrei do banco para o fórum”.

   

     Após, Maria Aparecida Bianchin informou que fez concurso para os Cartórios de Juruena e de Castanheira. “Como fiquei em primeiro lugar nos dois, optei pelo de Juruena. Chegando lá, encontrei uma realidade de mais de 1,2 milhões de hectares, ou seja, atendia a população de Juruena e de Cotriguaçu. Um lugar distante, desprovido de assistência, tanto é que o registro de imóveis da Comarca de Juína, àquela época, era o 6º Ofício de Cuiabá. Então, passamos a fazer um trabalho de divulgação do cartório, da importância do trabalho que prestaríamos”.

     Em relação ao futuro dos cartórios, registrou que sempre foi adepta à tecnologia. “Em Juruena, vendemos nossa casa para comprar equipamentos de informática. Fui para São Paulo e contratei um software. Então, já iniciei o trabalho de uma maneira informatizada. Como sou filha de comerciante, sempre ouvi dos meus pais que temos que ter mercadoria na prateleira, atender muito bem o cliente e buscar sempre inovações. Estamos em outra realidade. Eu, sendo diretora do Prêmio de Qualidade da Anoreg-BR, estou trabalhando com muito esforço para que os cartórios se modifiquem, que passem a atender requisitos de qualidade, invistam em tecnologia. Isso não é uma faculdade, é um dever do notário e registrador, é um movimento mundial que não é de agora. Precisamos nos estruturar e sair daquela visão de que precisamos nos aperfeiçoar apenas na nossa área”.

     Maria Aparecida exaltou que, para estar bem preparada, começou a buscar informações e participar de imersões nas áreas de gestão e de administração. “Não basta termos somente o conhecimento jurídico, pois nossos clientes estão cada vez mais exigentes. Na verdade, o que todos queremos é ser bem atendidos”.

     Questionada sobre o que o Código de Ética da classe simboliza, pontuou que ele foi fixado pela Corregedoria do Poder Judiciário. “Penso que a classe não precisava ter agido de forma a fazer com que o Poder Judiciário transcrevesse num Código de Ética aquilo que já era nosso Código de Ética. Observei bastante os ‘considerandos’ do nosso corregedor e, tudo o que ele trouxe, já temos definido na classe como Código de Ética e considero extremamente importante porque temos finalidades precípuas, mas a principal delas é a segurança jurídica. Toda vez que um de nós age de forma a ferir aquilo que é eticamente colocado, está fragilizando a nossa atividade, nossa imagem, além de ser uma concorrência absolutamente desleal. Podem existir questionamentos, mas é preciso que nos atentamos para o que é legal. É uma crítica à nossa classe chegar ao ponto de que fosse necessário estabelecer uma coisa, em nível local, para que tudo andasse de maneira mais ética. Toda vez que denegrimos nossa imagem, estamos, talvez, dando corda para que nós mesmos deixemos de existir como profissionais do direito dedicados ao sistema de registros públicos”.

     Em relação a um ato registrado em cartório como mais relevante, Maria Aparecida disse que todos são importantes. “Todas especialidades são importantes. Isso, na verdade, é o que compõe o sistema de registros públicos”.

     A diretora de Tecnologia compartilhou junto aos participantes sua experiência com o Ofício da Cidadania, além de incentivar a classe a participar dos programas de qualidade. “Quem não tem gestão e não controla seu negócio, não gerencia direito, não tem noção de fluxo de caixa e do que ele pode otimizar, inclusive na rentabilidade dos seus serviços”.

     Maria Aparecida contou sua experiência com ações voltadas à regularização fundiária, inclusive elogiando importantes trabalhos realizados por colegas notários e registradores, a exemplo de Bruno Becker, de Nova Ubiratã.

     Ela também consignou algo que marcou sua vida na atividade. “Tem muita coisa significativa para mim, desde a atuação em RCPN, no interior de Cotriguaçu, onde eu saía para coletar informações para o registro tardio do avô, depois voltava para fazer dos filhos, para depois fazer dos netos. Isso me marcava muito, pois vi muitas pessoas morrerem nesses lugares, picados por cobras simplesmente porque não tinha estradas, veículos, assistência médica. Eu andava com motosserra em cima do Toyota Bandeirante, pois as árvores caíam e você tinha que abrir caminho. Foram muitas experiências de chorar e de rir. Lembro-me quando dormia naqueles barrados de lona. Eu tinha asma e, num ‘quarto’ com outras duas pessoas, numa noite de tempestade, sem luz, ao fechar os olhos, sentia alguma coisa na ponta dos pés. No outro dia, descobrimos que eram baratas, que roíam nossos pés e o resultado foi infecção bravíssima para tratar”.

     Se pudesse mudar algo na atividade notarial, respondeu que seria mais de uma. “A união dos notários e registradores. Todos nós somos partes integrantes de um sistema de registros públicos e, quando vemos uma entidade representativa ou uma ou outra especialidade se chocando e buscando os poderes constituídos com propostas diferentes, é muito prejudicial para nós. Então, eu mudaria isso, para que fossemos uma grande Família Notarial em nível nacional. Agora, pensando além da nossa união, que acho que a nossa união vai nos levar a isso, termos um conselho profissional e nacional da nossa atividade”.

     Maria Aparecida Bianchin deixou a seguinte mensagem para os notários e registradores: “Estejam sempre abertos para novos conhecimentos. Humilhante não é mudarmos de ideia, mas, sim, não termos ideia para mudar. Viver é ser aprendiz e aprender todos os dias. É normal haver resistência para mudanças e aí vem o desassossego, que faz parte do ensino-aprendizagem. Agora, a aprendizagem, só vai acontecer mesmo, pedagogicamente falando, quando há transformação no comportamento e isso implica em sacrifício. Algo que considero essencial para todos que participam desse sistema é estarem abertos às mudanças e entenderem que nada foi como foi, é um novo ciclo a cada dia”.

     Por fim, o mediador da entrevista, Wagner Melo, fez um bate bola rápido com Maria Aparecida. Confira:

     Time de futebol – “Torço para o Palmeiras, mas não acompanho. Torço muito quando temos jogos da Seleção Brasileira”.

     Hobby – “Tenho vários, mas, o principal, é cavalgar. Também gosto de dançar, de leitura, de pescar”.

     Comida – “Adoro risoto”.

     Ídolo – “Minha mãe”.

     Livro – “Gosto muito de filosofia. Ultimamente tenho lido Nietzsche, Jessé e Pondé. Também ando relendo ‘O Príncipe’, de Maquiavel”.

     Frase – “Viver é uma longa história, e não é precisa”.

     Sonho – “Quero fazer uma volta no mundo, o que vai depender de muito trabalho”.

     Um lugar para viajar – “Quero ir para a Grécia”.

     Ao final houve homenagem feita pelos colaboradores e família de Maria Aparecida.

     Confira a íntegra da live.

https://www.youtube.com/watch?v=ahJkIKJGSXA